1 de julho de 2018

Recados com Amor

Meus Queridos! A visita relâmpago que fez a São Miguel o Comissário da Agricultura da Comissão Europeia, foi um analgésico para os agricultores Açoreanos, mas não é de modo nenhum o remédio para a aflição que os tem atormentado. É preciso mais apoios para fortalecer o sector e dar-lhe condições para convergir em termos de rendimento com os demais agricultores europeus. Não sendo mulher que perceba dessas coisas da agricultura, sempre gostava de saber qual é a percentagem que a matéria-prima (leite) representa na estrutura de custos dos produtos lácteos, e qual tem sido o valor das vendas e os lucros obtidos pelas indústrias…. Pelo que sei, a indústria tem margem que devia repartir com o preço do leite ao produtor… mas isso são contas que compete ao Governo fazer, de modo a saber se deve continuar a apoiar projectos, sem impor condições que salvaguardem também interesses da produção. Esta seria uma forma de regular o que não tem regulador…. E, falando de regulador, muito gostei de ouvir e ler a firmeza e dureza com que o meu querido Presidente Vasco Cordeiro se insurgiu contra as declarações da Presidente da Comissão de Mercados de Valores Mobiliários, quando pôs em dúvida a existência de irregularidades na venda de produtos financeiros do Banif aos que agora são lesados das armadilhas de que foram vitimas, muitos dos quais a ficarem sem as poupanças de uma vida… Só espero que o meu querido Presidente Vasco faça chegar a sua indignação ao Primeiro-ministro António Costa e ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Cá por mim, nunca deixarei morrer o caso! Meus Queridos! Sexta-feira passada foi feriado aqui no meu Concelho da Ribeira Grande, com as exuberantes Cavalhadas a sair do Solar da Mafoma e marcar o dia festivo na Ribeira Seca, num espectáculo que merece ser anualmente apreciado. Mas não parecia ser o dia de São Pedro, que é feriado municipal e celebra, ao mesmo tempo, o dia em que a Ribeira Grande foi elevada a cidade, quando era Primeiro-ministro Francisco Pinto Balsemão e Presidente do Município Artur Francisco Sousa Martins. Na Sexta-feira, os guindastes continuaram no rodopio das obras, as lojas com as portas escancaradas, os serviços abertos ao público, como se de um dia normal se tratasse, e até as carrinhas ambulantes andavam a vender quantidades de melancia temporã, como em qualquer dia da semana. Fiquei triste, porque daqui a dias, os nossos costumes e as nossas belas tradições cairão em desuso, e lá se vai a nossa cultura e a nossa história. Quem põe cobro a este desmando? Ricos! Ainda falando das festas da minha cidade norte, quero assinalar o sucesso que foi, mais uma edição das cavalhadas com uma enchente de gente para ver os numerosos cavaleiros e cavaleiras, de várias gerações e idades, todos garbosos no seu desfilar. Também gostei muito de ver as marchas que estão cada vez mais aprimoradas. A minha prima Jardelina, que não conseguiu ir porque anda descadeirada por via do reumatismo, disse-me que viu umas passagens pela televisão, mas parece que escolhem, de propósito, interlocutores que não sabem dizer duas palavras e assim, quem não conhece a tradição fica na mesma, sem perceber nada. E ela que é mulher de gostar de saber… lá ligou para a Telefonia Sem Fios a ver o que estavam dando… E era um programa radiofónico sobre as Cavalhadas. Ela diz que pode ter sido dada uma explicação que não tenha ouvido, mas o programa já tem uns bons aninhos, porque ainda lá estava a falar o antigo Presidente da minha cidade norte, Ricardo Silva… e alguns protagonistas que falaram... já nem estão no reino dos vivos… As coisas podem ser repetidas, mas nem tanto! Meus queridos! Terminam hoje as festas-Verbenas de São Pedro, no Relvão, e a minha prima da Rua do Poço que não falhou um dia desde a passada Terça-feira, já me convidou para estar hoje, com o meu vestido azul-bandeira, para a Missa de encerramento, às 11 horas, seguida da cerimónia de homenagem e entrega do título de cidadão honorário da freguesia aos escolhidos para este ano, a quem deixo já o meu ternurento beijinho. São eles, o meu simpatiquérrimo médico Carlos Estrela, até há pouco tempo Presidente da Assembleia de Freguesia, a sempre activa Presidente da Associação Seniores de São Miguel, a minha querida Leonor Anahory, e o “olheiro dos pobres”, Monsenhor Weber Machado Pereira, que agora completou 60 anos de ordenação sacerdotal e escolheu a Igreja de São Pedro para dar graças a Deus por tão longo ministério. E logo à noite, para o encerramento, não faltarei ao festival de música popular com vários grupos folclóricos, tuna e conjunto musical. A minha prima da Rua do Poço tinha a esperança de que para o ano as Verbenas regressassem à Calheta, mas pelo andamento da carruagem, no processo de demolição das galerias, ela já pensa em “tirar o cavalinho da chuva”… Ricos! Tenho uma prima que sempre teve uma inclinação para as coisas socialistas, paixão que nunca escondeu de ninguém. Desde os tempos em que o senador insular Jaime Gama andava pelas terras do Arcanjo que ela o segue com denodada devoção republicana, e telefonou-me um destes dias, dizendo que ficou menente quando leu na imprensa continental as críticas que Jaime Gama tinha tecido acerca do Museu Carlos Machado, num programa intitulado “Conversas à Quinta” e lhe perguntaram “que museu gostava de ver…. ”Jaime Gama , recém -Honoris Causa da Universidade açoriana, na deambulação que a propósito fez… intitulou de “tragédia” o que aconteceu no espólio museológico depois de infindáveis anos de obras. Referiu-se depois à incompreensível recolocação das cenas de história natural que nada de novo trazem, em detrimento do espólio etnográfico remetido para armazém. Foi mais longe, ao dizer que quem não for açoriano fica sem perceber nada do que é os Açores, definindo a informação museológica do período filipino como um “verdadeiro desastre”. A minha prima diz que é preciso ser um açoriano verdadeiramente livre para qualificar como qualificou as alterações sucedidas no principal museu da ilha que, segundo Jaime Gama, “não acrescentaram nada de novo ao que anteriormente existia”. Na verdade, o Museu Carlos Machado está com mau-olhado desde há muitos anos… A minha prima diz que um destes dias vai ser preciso recorrer a um exorcista nomeado pelo Vaticano para expulsar os espíritos demoníacos que têm atrapalhado a vida do Museu que serve metade da população açoriana e que a Ilha do Arcanjo recebe cerca de um milhão de pessoas ano. Ricos! Anda para aí muita gente revoltada com a subida dos passes mensais de quem utiliza os balneários da piscina do Pesqueiro e que agora passa a custar os olhos da cara a quem lá gosta de ir todos os dias. Ainda se tivessem melhorado as instalações… A gente sabe que o princípio de utilizador-pagador veio para ficar em quase todas as coisas, mas também não precisa abusar. A gente paga os impostos para que haja equipamentos públicos e depois tem de pagar a utilização. Pode parecer que é para regular o número de pessoas, porque há dias em que já não há lugar para estender uma toalha, mas ao menos que o pilim sirva para dar melhores condições a quem lá vai… Meus queridos! Em Ponta Delgada, lá para os lados de São Gonçalo e ao lado poente do híper Solmar, há uma rua que se chama Bento José de Morais, onde entre muito comércio e serviços ali instalados, há uma clínica de fisioterapia frequentada por muita gente com limitações de andar e com cadeiras de rodas. Mas a forma selvática como ali estacionam os popós torna impossível, muitas vezes a entrada duma cadeira de rodas na rampa que dá acesso ao edifício e ainda por cima os passeios nem tem uma rampa decente para manobrar a cadeira de rodas. A solução é só uma: ou mandar colocar blocos ou outros obstáculos para não estacionarem, ou colocar parquímetros com preço desmotivador para quem faz da zona, o seu parque de estacionamento… Já que… polícia por ali, seria um milagre! Meus queridos! Já se sabe que quanto mais cresce o turismo, maiores são as histórias que ficam para contar, porque há sempre, em muitos sectores de actividade, quem se aproveite, sem escrúpulos, de todas as ocasiões para ganhar mais uns cobres. Mas como se cantava naquele tempo, o dinheiro não nasce do chão. Só a amora é que nasce da silva e a silva nasce do chão. Isto para dizer que num restaurante que não vou dizer o nome, para não me picar, foi cobrado a um cliente o valor de cinquenta cêntimos, cem patacas de antigamente, para estrelar um ovo pelos dois lados… Como o cliente não gosta do ovo com a gema mole, pediu para virarem o ovo… E com tanto requinte o fizeram que o dito trabalho de virar o ovo até veio discriminado na factura. Uma vizinha minha aqui da Rua Gonçalo Bezerra mostrou-me a dita cuja que o cliente faz questão de guardar para recordação… Eu também guardava! Ricos! E já que estou a falar de restaurantes e de bares, também reconheço o que deve sofrer quem trabalha no ramo, mas há coisas que dão nas vistas… seis euros e meio por um copo de vinho e 14 euros por uma garrafa que custa quatro num híper qualquer é de fazer fugir, e ainda pior quando a gente pede qualquer coisa para comer e dizem que já não podem fazer comida porque a cozinha fecha daqui a um quarto de hora… É obra! Meus queridos! A minha sobrinha-neta, que gosta de andar pelas redes sociais, coisa que não me seduz muito, disse-me que houve muita gente que não gostou da forma como o meu querido Presidente Marcelo pretendeu dar uma lição de história ao imprevisível Presidente Trump. Pois eu acho que foi uma forma brilhante de ocupar aqueles sempre difíceis momentos abertos aos jornalistas e operadores de televisão, antes de começar a reunião privada entre os chefes de Estado. Em vez de falar do tempo e de generalidades, Marcelo “vendeu” aos jornalistas, mais do que a Trump, uma imagem de Portugal que muitos desconhecem. Por isso mesmo, para ele vai o meu ternurento beijinho!
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